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Mostrando postagens de janeiro, 2018

A sociedade brasileira anseia por um (genuíno) avivamento.

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Sabe-se que a religião é uma produção humana e que data desde os primórdios da humanidade. As pesquisas antropológicas do Dr. Richard Laekey apontam que antes mesmo do advento do homo sapiens sapiens a religião já existia e fazia parte da existência humana e social. Peter Berger nos ensina que a religião pode ter duplo sentido em sua interação social. Para o sociólogo ela pode ou alienar ou libertar o ser humano. Análises sociais à parte [...] observa-se que há algo de errado com nosso cristianismo, tanto católico, quanto protestante. Pois, nos dias atuais, ambos têm em comum a incapacidade de melhorar a sociedade e propor algo de relevante para a transformação social, ética, moral e espiritual que tanto necessitamos. Afinal, o evangelho devia fazer de nós pessoas melhores (ou não?). A professora e ativista social Magali Cunha sempre dizia que “o cristão precisa ler os sinais dos tempos”. E nisso temos falhado. A herança histórica do cristianismo nos mostra isso. Vamos a

Uma oração para Deus e uma vela para os orixás: Temer e a astúcia pela Reforma

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Que o governo Temer está empenhado em desmontar os direitos dos trabalhadores e sucatear o resto das empresas estatais não resta dúvidas, mas os meios se apresentam cada vez mais espúrios. Não surpreende sua aliança com evangélicos e culto aos orixás. O interessante é notar que a aproximação escolhe justamente dois segmentos que se utilizam da magia e do misticismo como forma de solucionar as demandas de seus fiéis. Neopentecostalismo e culto aos orixás tem como prática soluções místicas e elementos de contato através de objetos e outros elementos (plantas, água, óleo, etc.) para promoção de cura e solução de problemas. O que Temer faz é perceber a ingenuidade dessa massa para obter apoio para sua empreitada. A maioria do público que frequenta essas religiões é assalariada e é quem tem mais a perder com a reforma. Mas como são “cegamente” obediente a seus líderes o intuito é ganhar a opinião pública, sobretudo, das redes sociais e minimizar a hostilidade em relação às medidas do

A igreja coach

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Que nosso tempo seja o tempo de crise e das crises não é novidade para ninguém. O que me indaga é: como respondemos às nossas demandas? Nossa época se notabiliza para aparência. Sempre quem tem mais expressão, mais carisma e mais capacidade de mobilização é tido como “o melhor”. Sim, pois estamos na era coach. E nosso cristianismo é um cristianismo coach e por conseguinte as igrejas estão virando igrejas coach. Pergunto: quem são os pastores de maior expressão no Brasil? Ou são os magos (basicamente os tele-evangelistas) ou os coach, sobretudo, esses últimos. As respostas para as demandas nunca foram tão ruins e rasas. São espiritualidades comprometidas com o modelo mercadológico, ou seja, se não dá lucro e resultado expressivo, tchau. Os chavões são os mesmo. Se está passando por dificuldades na família - Vamos orar, meu amado Se está em dificuldade financeira: - Vamos orar, meu amado Se a igreja não cresce a culpa é do pastor, que não hora, não planeja, não

Aldo Rebelo no Canal Livre

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Aldo Rebelo - Canal Livre - 14/01/2018 O programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, exibiu nesse domingo, 14/01/18, uma entrevista com o político Aldo Rebelo. Gostei muito da participação de Aldo no debate, sobretudo, quando falou do socialismo, estado e mercado. O político desmontou os clichês reacionários, quando indagado sobre o papel do Estado na economia: “Devemos levar o estado onde necessita de estado e mercado onde necessita de mercado”, argumentou. Magistral é o termo que defino essa resposta, pois acaba com a noção de economia planificada e estado paternalista – como querem os algozes da esquerda. Em outra parte, quando indagado sobre as eleições presidenciais. Salientou: “Teremos duas eleições. Uma com Lula e outra sem Lula”. Para Aldo a eleição com Lula terá a boa e velha polarização colocando centro-direita de um lado e centro-esquerda de outro. Nesse cenário a polarização dar-se-á, provavelmente, com o candidato Bolsonaro. E por falar de Bolsonaro

Memórias e amizades: tempo bom

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Dia 7 de janeiro estive em São Bernardo do Campo, um lugar ímpar na minha vida. O tempo estava chuvoso, como de costume, dia nublado, garoa no meio do cinza de São Paulo. Parecia um dia triste. Talvez realmente fosse. "Apagaram tudo. Pintaram tudo de cinza". Novos tempos. Novas regras. Será que "a casa dos profetas" será a mesma? Não sei. Sucatearam tudo. Não me estranha mais nada. Dia 7... Num também dia 7 do mês de fevereiro do ano de 2008 eu chegava ao mesmo lugar que dez anos depois tive o prazer de retornar. Olhei para o famoso “pombal” e “não havia sinal de vida”. "Oh velho "pombal" das mais absurdas histórias. Transforma-te num convento!"  Aquele "pombal" de 2008 era um espaço em que se vivia teologia 24 horas por dia. 8 horas de leituras diárias, debates acalorados, posições apaixonadas, inimizades declaradas. Era um jogo, uma disputa. Minha inocência me fazia acreditar que havia ética na busca pelos ideias de cada u

Tempos plurais

Nosso mundo é delimitado por posições.  Muito disso é fruto da Modernidade que demarcou as posições delimitando de forma clara e evidente opressores e oprimidos. Mas isso não era evidente? Não, pois havia mecanismos que ludibriavam e dissimulavam as contradições. Desde final do século XVIII houve o desvelamento das dicotomias e definição dos pontos de forma incontestável. Há cerca de meio século essa posição tem mudado, pois inaugurou-se a época da pós-modernidade e isso faz com que as certezas de outrora sejam questionadas. Como fazemos com nossas posições definidas? Pessoas morreram por suas paixões. Outras se entregaram às suas ideologias utópicas. A pluralidade do nosso tempo nos ensina que o viver é um "bricoleur", ou seja, um amalgama de várias tendências e posições. Se soubermos equilibrar as posições e perceber que a grandiosidade das coisas e das relações está na fronteira enriqueceremos nossa existência . É na fronteira que nos encontramos. Sigamos e t

A elite do atraso

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Jessé de Souza em “a elite do atraso” dedica-se a descontruir a tese de que o problema do Brasil é o chamado jeitinho brasileiro, a democracia racial, o “homem cordial” ou a industrialização tardia. Para isso faz ponderações importantes sobre a obra dos principais sociólogos brasileiros, a saber: Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Roberto da Matta e Sergio Buarque. Jessé ataca frontalmente a tese de Freyre de que o Brasil tem sua peculiaridade por conta da democracia racial e da maneira flexível que a escravidão moldou-se a estrutura sócio-econômica brasileira. Para Jessé esse não é o viés metodológico que deve ser vista a sociedade brasileira, pois não se problematiza a escravidão e se “romanceia” a forma com que a elite tratou a senzala. Jessé destaca que Florestan fala da burguesia e da “revolução” brasileira. Nega a democracia racial, mas não consegue “ir além” e vislumbrar o horizonte da negação da dignidade – que não somente os negros sofreram, mas toda a classe trabalh

Qual caminho seguir?

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A democracia é um regime que possui suas limitações. Disso todos nós já sabemos. Os modelos que estão em voga – baseados nas experiências das revoluções modernas – impingem cada vez mais o caráter burguês ao sistema. Diante desse cenário não se consegue ir muito além dos modelos fechados de democracia. O que muita gente não consegue perceber é que até mesmo os partidos de esquerda e experiências socialistas nada mais são do que modelos operando em favor do capital. Quem faz essa análise de maneira coerente é a dupla Deleuze & Guattari, quando constatam “[...]em nome da própria inovação maquínica, que as sociedades capitalistas ou comunistas reprimem com toda a força, em função do poder econômico e político” (Deleuze & Guattari). Isso significa que os interesses na sociedade capitalista passam a operar em favor do sistema financeiro. Não se pode perder de vista que o capitalismo é mestre em inovar e cooptar a inovação para que a mesa opere em seu favor: “O que ele desco

Freixo, Psol e a divisão da esquerda

Inicio esse ano ainda sob o impacto da entrevista de uma pessoa que admiro muito: o deputado estadual – pelo Rio de Janeiro – Marcelo Freixo. Para muitos Freixo tornou-se conhecido somente depois do filme Tropa de Elite 2. Para mim, entretanto, ele é conhecido desde seu 1º mandato como deputado. Sempre me interessei pela política, em geral, e pelo desenvolvimento das articulações do meu estado (Rio de Janeiro) em particular. Lembro-me dos tempos em que via a TV Alerj e observava com empolgação as intervenções e atuações de Freixo na Assembleia. Minha admiração é de longa data, antes dos holofotes e da fama que ele adquiriu nos últimos tempos.  Nunca foi novidade para ninguém minha opção pela esquerda. Filiei-me em 2003, mas decidi não me ligar a nenhum partido. Por isso não dei continuidade na militância partidária. Por esse motivo sinto-me “mais” à vontade para opinar sobre alguns assuntos. Confesso que a entrevista de Freixo não me decepcionou tanto. Por que já havia me decepc