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Mostrando postagens de junho, 2020

Máquinas sociais e o desejo em "Capitalismo e Esquizofrenia"

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Deleuze e Guattari dedicam-se a escrever uma obra com o objetivo de dupla crítica: ao Édipo do capitalismo e à edipianização da psicanálise. O texto ficou conhecido como Capitalismo e Esquizofrenia tendo em o Anti-Édipo seu início e em Mil Platôs sua continuação. Ao todo são mais de mil páginas por isso é considerada uma das maiores obras filosóficas do século XX. Para os autores a humanidade é concebida na dinâmica de máquinas produtoras de desejos Há tão somente máquinas em toda parte, e sem qualquer metáfora: máquinas de máquinas, com seus acoplamentos, suas conexões. Uma máquina-órgão é conectada a uma máquina-fonte: esta emite um fluxo que a outra corta. O seio é uma máquina que produz leite, e a boca, uma má- quina acoplada a ela. A boca do anoréxico hesita entre uma má- quina de comer, uma máquina anal, uma máquina de falar, uma máquina de respirar (crise de asma) (DELEUZE; GUATTARI, 2010, p.11). Como são leitores de Nietzsche concebem a produção como pulsão, ou sej

109 da Assembleia de Deus no Brasil

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Essa semana a Assembleia de Deus completou 109 anos no Brasil. Em síntese o movimento foi iniciado por Charles Paham e depois teve William Seymour como principal expoente. Seymour era negro, filho de ex-escravos. Seu nome é associado ao avivamento da rua Azuza. No Brasil a Assembleia de Deus teve inicio com Gunnar Vingren e Daniel Berg. Eles receberam o dom de línguas estranhas e saíram para fazer a missão “mundo afora”. Estabeleceram-se no Pará. São considerados os fundadores da Assembleia de Deus brasileira. Do ponto de vista sociológico a Assembleia de Deus tem importância singular, pois foi precursora no trabalho com os pobres sem o pedantismo dos protestantes históricos. Esses tinham um discurso afinado com a classe média, média alta. Os pobres eram tidos como “tábulas rasas”, portanto, recipientes para se despejar o saber teológico moderno. O discurso da Assembleia de Deus possuía caráter popular e simples. Com isso arrebanhou o povo da periferia. No que diz respe

Necropolítica do racismo: uma brevíssima introdução

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Muito influenciado pela questão do racismo estrutural de nossa sociedade e pela adoção da  necropolítica  como modo de ser do Estado minha inquietação é saber, de fato, como essa configuração se dá em termos filosóficos. Para tal me valho do referencial de Achille Mbembe para começar a pensar e pontuar essas inquietações. Em  Necropolítica  (2018) Mbembe faz um ensaio sobre a gênese do que denomina como  necropolítica  que, em síntese, significa: “governo da morte”, ou ainda, governo orientado para a morte. Nas páginas introdutórias o autor cita o seguinte: “Este ensaio pressupõe que a expressão máxima da soberania reside, em grande medida, no poder e na capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer” (MBEMBE, 2018, p.5). A partir dessa afirmação Mbembe vai buscar fundamentos para sustentar sua tese. Um dos autores que busca dialogar é o filósofo Hegel que, de acordo, como Mbembe defende que a morte é algo voluntário na relação do ser humano com o Estado.