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Mostrando postagens de maio, 2018

Por uma teologia brasileira

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Se alguém concorda que o papel da teologia é só falar sobre Deus está muito enganado. A teologia trata também do cosmos, do mundo do trabalho e das vicissitudes que assolam do dia-a-dia da sociedade. Desse dilema emerge a premência de se pensar uma teologia que realmente conecte-se com a realidade brasileira. Vez por outra o Brasil enfrenta crises. A primeira manifestação das igrejas é: “vamos orar pelo Brasil”. Concordo que isso seja importante, mas e o que mais? Diante de um legado milenar da igreja com inúmeras contribuições é isso que temos a propor? Oração? As teologias latino-americanas (da Libertação e Missão Integral) são tidas como progressistas e de esquerda em muitos círculos e nem sequer podem ser trazidas ao debate. Só o nome já assusta. Sem contar que elas estão muito mais ligadas aos eventos do século XX do que a realidade do século XXI – embora não estejam ultrapassadas. A questão é: o que se produz de novidade? Como pensar uma teologia que conecte a igr

O discipulado, os evangelhos e o metodismo

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Tema controverso, complexo e que – pelo menos – nos últimos 20 anos tem ganhado cada vez mais espaço nas igrejas no Brasil e no mundo. Assim se apresenta o desafio do discipulado. Mais que uma ordenança bíblica e um estilo de vida o assunto envolve a revisão de um sistema teológico, eclesiológico e pastoral desenvolvido na Igreja Metodista durante as três últimas décadas. Mas o que podemos compreender sobre a proposta de Jesus sobre o discipulado em harmonia com os evangelhos [1] ? Primeiramente é necessário explicitar que a designação “Ide e fazei discípulos” tão comum quando se trata do discipulado, é um tema específico do evangelho de Mateus, que além de outras coisas trabalha numa perspectiva judaica em que o tema do discipulado está em conexão com o imperativo “segue-me” utilizado entre os rabinos e mestres judeus na formação da comunidade de seguidores dedicados em servir a YAWÉ e estudar a Torah, através de novas hermenêuticas e aplicações no cotidiano. Em todo o caso, o

Sublimação e eclesialidade

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Há alguns anos tenho (mais por hobby do que por outra coisa) lido as obras de Freud – muito mais os livros do que as correspondências, na verdade – para ver o que realmente há de consonante e dissonante da realidade vivida em nosso tempo. Sem dúvidas sua obra é significativa para pensarmos nossa vida e relações sociais – mesmo por que vivemos numa sociedade capitalista marcada pelas relações patriarcais, que é o ambiente em que Freud escreve e para o qual escreve. Sendo assim iniciei por saber sobre os instintos vitais que marcam de determinam algumas atitudes humanas. Dentre a gama de conceitos com que Freud trabalha. Um chamou-me atenção especial. O conceito de sublimação. Por sublimação podemos entender de forma simples e sintética como canalização das frustrações para atos produtivos e alternativos. De maneira geral isso ocorre quando as pessoas são confrontadas com situações não resolvidas e/ou mal resolvidas e canalizam suas energias criando uma realidade paralela e prod

Apocalipse 12. A mulher e o dragão

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Apocalipse 12 A mulher e o dragão Luis Fernando Carvalho Estrutura do texto Do céu à terra (12, 1-18); a)                   Confronto no céu: uma mulher enfrenta o mostro (12, 1-6); b)                  Guerra no céu: Satanás é arremessado do céu à terra (12, 7-9); c)     Centro: Canto da vitória: Agora a salvação já chegou (12, 10-11); b’)    Consequência da guerra na terra: alegria no céu: terror na terra (12, 12); a’)    Perseguição na terra: mostro persegue a mulher (12, 13-18); a)                  Confronto no céu: uma mulher enfrenta o mostro (12, 1-6); O capítulo 12 de Apocalipse se utiliza de símbolos. Temos no texto dois símbolos iniciais que tratam da realidade vivida por João na ilha de Patmos, que são aplicada à igreja do Senhor Jesus. Os símbolos inicialmente mostrados são: a mulher e o mostro. Os dois aparecem primeiro no céu. A mulher é vestida de sol e o mostro é adornado com chifres. Depois na terra. Há uma série de símbolos en

Frei Betto: trajetória política

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Um dos instrumentos da análise da realidade adotado por anos pela Teologia da Libertação foi o marxismo. Frequentemente os adeptos dessa corrente são acusados de serem marxista. Vejamos qual a posição de Frei Betto em relação ao marxismo. Frei Betto denomina o marxismo como uma teoria da “ práxis revolucionária” e considera muito importante que a mesma seja utilizada como ferramenta de “libertação dos oprimidos”, pois, por ser fruto do proletariado, o marxismo deverá sempre ser aferido “por essa mesma luta” (BETTO, 1986, p.36). Nessa perspectiva, ainda segundo o autor, nem o marxismo nem os marxistas podem ignorar o papel do cristianismo como instrumento de libertação – visto que o marxismo deu muito valor às questões materiais e não levou em conta o aspecto existencial – e salienta que para apreender o potencial revolucionário do cristianismo é necessário que o marxismo rompa com sua ótica “objetivista” – que não leva em conta a subjetividade do ser humano (questões e