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Mostrando postagens de abril, 2018

Breve histórico da Teologia da Libertação

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Breve histórico da Teologia da Libertação 1.    Teologia da Libertação no contexto latino-americano A Teologia da Libertação é uma corrente teológica que foi desenvolvida inicialmente na América Latina, entre as décadas de 1960 e 1970, inspirada na opção pelos pobres e na luta contra a pobreza pela libertação e emancipação dos pobres. Utiliza, como ponto de partida de sua reflexão, a situação de pobreza e exclusão social, que são interpretados à luz da fé cristã, possuindo como eixo articulador a libertação dos oprimidos e cativos. Este estado é entendido como produto de estruturas econômicas e sociais injustas, construído a partir das relações econômicas que expropriam as riquezas e as distribuem de modo desigual. Esta reflexão é influenciada pela visão das ciências sociais, sobretudo pela teoria da dependência na América Latina, que possui inspiração marxista.[1] Essa corrente notabilizou-se na luta pela vida e pela justiça social frente ao sistema capitalista, som

Um apelo à mentira

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O fantasioso nega a verdade para si mesmo; o mentiroso apenas para os outros (F.N) Gostaria de fazer uma proposta. Que vivêssemos nossas fantasias e mentiras de forma natural. Alguém diria: Que loucura! Para que isso? Parece sem nexo, sem sentido. A essas objeções eu diria. Tá. Imagine o que seria das pessoas sem as mentiras e sem as fantasias. O que seria da “amiga” chata que pergunta: você me acha legal? E ao invés de respondermos: Não, você é insuportável! Dizemos: Claro, nossa. Você é uma amiga e tanto. O que seria dos falsos relacionamentos hipócritas se não fosse a fantasia e a mentira? Responda você. Quem suporta a verdade? Quem suporta o confronto? Quem assumiria o fracasso de uma vida sem paixão, sem ideais, sem objetivos? Quem, ao olhar para trás e ver que não deixou nenhum legado relevante, diria: Minha existência foi um “poço” de insignificância? O que seria das fotos se não fosse a mentira? Os falsos s

O profetismo na teologia

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Muito se questiona sobre o envolvimento de religiosos em causas políticas e sociais. Frequentemente se ouve: religião e política não se misturam. Como se o religioso (ou a religiosa) fosse alheio aos acontecimentos desse mundo e não participasse da construção da cidadania; não tivesse direitos e deveres civis e não pudesse manifestar sua opinião sobre os mais variados assuntos. Aparentemente quem defende a ideia de que religião e política não se misturam parece desconhecer tanto uma quando outra coisa, pois não há religião que direta ou indiretamente não seja política ou não se envolva com política. A política deve ser entendida pela “arte” da convivência entre pessoas num espaço comum. Sendo assim, todos somos políticos. Há várias maneiras de se fazer política. Movimentos sociais, associações de bairros, organizações não governamentais, políticas partidárias, etc. A teologia como ciência possui um viés autônomo diante da realidade em que se insere. Como ciência humana

Poder descentralizado: entre tribalismo e Filosofia da Libertação

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Questão que vez por outra aparece e pauta conversas e debates é: qual é a melhor maneira de organização social (e consequentemente de governo)? Não se sabe se por consenso ou mero pragmatismo a democracia foi (e é) o governo adotado em grande parte do mundo. Sua eficácia, modelo e aplicação são (altamente) questionáveis, entretanto quando se faz alguns apontamentos a resposta corriqueira é: com todas as suas mazelas ainda é o melhor governo que temos. Será? Talvez uma das formas mais eficientes de governo e organização esteja na tradição semita, em particular, na organização tribal dos hebreus. Gerard Von Rad destaca que a organização do Israel tribal era feita de maneira autônoma “[...] as tribos viviam lado, quase que totalmente independentes. Em comum havia, por certo, a veneração de Javé e as obrigações de manutenção do santuário” (VON RAD, 1973, p.38). As tribos, por conseguinte, eram compostas por famílias, ou seja, pequenos núcleos que se organizavam e resolviam suas dem