Postagens

Mostrando postagens de março, 2018

Marielle e a dominação erótica: reflexões a partir da Filosofia da Libertação

Imagem
O caso da vereadora assassinada Marielle Franco leva, inevitavelmente, a uma reflexão filosófica entre o masculino e o feminino dentro do espaço político do Brasil e da América Latina, de forma geral. As reflexões políticas de Enrique Dussel nos ajudam a pensar a relação que a sociedade machista patriarcal, impulsionada pela obsessão fálica pelo poder, estabelece em relação ao outro sempre na perspectiva de aniquilá-lo ou utilizar-se dele como instrumento para determinado fim. A erótica na compreensão do filósofo argentino Enrique Dussel diz respeito à relação de afetividade entre corpos, majoritariamente entre homem e mulher. O filósofo problematiza tal relação apontando para seu caráter totalizador, uma vez que, o ser feminino (foi e) é tratado como o mesmo diante do masculino, não tendo com isso sua alteridade e condição de outro respeitadas. Para isso, propõe a problematização da relação, apontando para uma dimensão alternativa de superação. Tem-se, a partir da dominação erót

A formação do PT em Resende

Imagem
O Partido dos Trabalhadores em Resende foi composto por duas correntes distintas. Ambas iniciaram-se nos anos 80, tendo como ponto comum a influência da formação do PT – Nacional em São Paulo. Uma delas foi liderada por José Fernando Stelzer (um dos fundadores do PT – Resende e primeiro presidente do Diretório Municipal), que juntamente com dois amigos, identificados por ele como Marquinhos da Resende Águas e Macedo, encontravam-se na região do ABC paulista em busca de emprego na época da fundação do PT – Nacional. No período em que estavam em São Paulo , presenciaram as ondas de manifestações que marcaram o final da Ditadura e o início da “Abertura” política no Brasil. Nesse contexto estava inserida a formação do PT – Nacional. Segundo Stelzer, ele e seus dois amigos participaram de diversas manifestações, assinando inclusive um manifesto apoiando a fundação do PT. Eu estava à toa em São Paulo. Fiz bico. Trabalhei como jornaleiro. Na mesma banca que tinha a lista da

Cartas pastorais paulinas

INTRODUÇÃO A pergunta mais comum quando estudamos um texto bíblico gira em torno de saber quem o escreve. Mais do que saber quem escreve, devemos indagar: como pensa o escritor? No caso das cartas paulinas, nossa questão centra-se em investigar como pensava Paulo. Para isso precisaremos recorrer a alguns dados biográficos do apóstolo e suas influências de pensamento. Paulo era um judeu da tribo de Benjamim. Há indícios de que ele cresceu no ambiente da chamada dispersão (ou diáspora) [1] em que a língua grega era o idioma falado no dia-a-dia. Além disso, pertenceu, durante muito tempo, ao grupo dos fariseus (Fl 3:5). Pode-se afirmar que conhecia bem a filosofia grega e os escritos judaicos do 1º século, pois em suas cartas, frequentemente faz menção deles. Além disso, Paulo teve influência de um grupo judaico chamado apocalíptico, que cria em: ·                   Viagem celestial (2 Cor 12: 1-6); ·                   Conflito