A igreja coach


Que nosso tempo seja o tempo de crise e das crises não é novidade para ninguém. O que me indaga é: como respondemos às nossas demandas?

Nossa época se notabiliza para aparência. Sempre quem tem mais expressão, mais carisma e mais capacidade de mobilização é tido como “o melhor”. Sim, pois estamos na era coach. E nosso cristianismo é um cristianismo coach e por conseguinte as igrejas estão virando igrejas coach. Pergunto: quem são os pastores de maior expressão no Brasil? Ou são os magos (basicamente os tele-evangelistas) ou os coach, sobretudo, esses últimos.



As respostas para as demandas nunca foram tão ruins e rasas. São espiritualidades comprometidas com o modelo mercadológico, ou seja, se não dá lucro e resultado expressivo, tchau. Os chavões são os mesmo. Se está passando por dificuldades na família

- Vamos orar, meu amado

Se está em dificuldade financeira:

- Vamos orar, meu amado

Se a igreja não cresce a culpa é do pastor, que não hora, não planeja, não tem visão, não sabe fazer o trabalho, não isso, não aquilo, ou seja, a ênfase é toda no indivíduo (antropológica), e como estamos falando de uma igreja que age como uma empresa a carga psicológica "em cima" do líder é enorme, o que faz com que a culpa (de não estar fazendo "o certo") e o medo (de ser mandado embora ou desligado) tomem conta do pastor e este "topa" virar um pastor coach. Por isso muitos tem trocado a pregação e a dinâmica pastoral por cursos e estratégias motivacionais.

Muitos líderes travestem-se de uma piedade e de um discurso espiritual, mas suas práticas são vaidosas e “maquiavélicas”. Qual pastor nunca teve seu tapete “puxado”? - Eu nem sei quantas vezes  me aconteceu - isso é normal no mundo corporativo, afinal, qual é a ética do mercado? Aconselho você a ver como funciona o mundo do marketing multinível, como são os testemunhos dos "duplos diamante", dos coach [...] Depois compare com os discursos que temos assistido. Qualquer semelhança não é mera coincidência.


Num mundo tão organizado e rico em recursos como o nosso nunca estivemos tão carentes de pessoas com um caráter comprometido com a eticidade. Fico pensando nessas “orações” e nessa aparente piedade farisaica que nos cerca. Não há compromissos concretos com a vida e com a necessidade dos oprimidos. O que regem nossas pautas?

- motivação
- visão
- rede de contatos
- equipe


Infelizmente nosso tempo incorporou o que há de pior no mundo corporativo e deu a isso caráter piedoso. Uma pena. O deus do mercado é Mamon, a antítese do Deus criador. Uma pena ver tanta gente boa embarcando nessa. Enquanto isso, ficamos na contracorrente, remando contra a maré, insistindo num evangelho de face-a-face, de uma espiritualidade comprometida com a vida e com as pessoas e não com resultados numéricos que visam enaltecer o ego dos “mentores” espirituais “coachizados”.

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