Sublimação e eclesialidade

Há alguns anos tenho (mais por hobby do que por outra coisa) lido as obras de Freud – muito mais os livros do que as correspondências, na verdade – para ver o que realmente há de consonante e dissonante da realidade vivida em nosso tempo.

Sem dúvidas sua obra é significativa para pensarmos nossa vida e relações sociais – mesmo por que vivemos numa sociedade capitalista marcada pelas relações patriarcais, que é o ambiente em que Freud escreve e para o qual escreve. Sendo assim iniciei por saber sobre os instintos vitais que marcam de determinam algumas atitudes humanas.

Dentre a gama de conceitos com que Freud trabalha. Um chamou-me atenção especial. O conceito de sublimação. Por sublimação podemos entender de forma simples e sintética como canalização das frustrações para atos produtivos e alternativos.

De maneira geral isso ocorre quando as pessoas são confrontadas com situações não resolvidas e/ou mal resolvidas e canalizam suas energias criando uma realidade paralela e produtiva que compensem ou dissimulem seus reais conflitos. Freud diria que é a não satisfação dos instintos.

A sublimação em si não é um problema, mas em grande medida ela esconde um problema. É como se fosse um iceberg que vemos somente a ponta. A estrutura que o sustenta que é a grande questão a se pensar.

No seio eclesiástico lidamos com pessoas o tempo todo. Algumas aparentam-se ativas, outras apáticas tem aquelas que são mais interativas, etc. Há ainda nesse meio pessoas que não tem seus conflitos resolvidos e sublimam a realidade. Geralmente são pessoas que se destacam por executarem bem uma tarefa ou se destacarem no que fazem.

Aprendi a olhar algumas realidades com olhar freudiano. Frequentemente me deparo com pessoas que estão “acima do bem e do mal”. Nunca precisam de ajuda, estão sempre em uma posição de análise e julgamento, agem nos bastidores e quando são confrontadas apresentam, de fato, seu extinto reprimido.

É necessário cautela. Devemos sempre ter cuidado com alguns modelos. O inconsciente é um labirinto que às vezes guarda monstros ferozes. Devemos ter muita cautela, pois o ambiente religioso é um “prato cheio” para algumas neuroses

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