Evangélicos e corrupção
Fui convidado esses dias para falar sobre a relação dos evangélicos
fundamentalistas brasileiros e a corrupção. Confesso que esse é um assunto que
tenho pouca leitura em comparação a meus colegas que estudam o tema. Contudo
não pude me furtar a essa responsabilidade.
No Brasil não há um fundamentalismo, no sentido de escola de
pensamento formal, uma vez que, fundamentalismo é uma escola teológica que tem
uma série de pressupostos. No Brasil esses pressupostos não são levados em
conta.
O que há, então? Há uma misturas de diversas tendências
conservadores que visam conferir poder a grupos religiosos e repelir qualquer
tentativa progressista de interpelação ou questionamento. Sabe aquela máxima? “O
inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Então, é isso. As pessoas tendem a se
defender por afinidade. Aí, fazem da teologia essa coisa.
E onde entra a corrupção nisso? Ora, não basta muito tempo
dentro de qualquer denominação religiosa para perceber que as igrejas são
corruptas. Então elas fazem vistas grossas quando lhe convém.
Certa vez um bispo de uma denominação fez uma fala sobre o
voto em determinado candidato (da mesma denominação) dizendo: “Nossa igreja
tinha uma dívida com o governo e ele nos ajudou nisso”. Como é que é? O voto
tem que ser por que uma pessoa ajudou perdoar dívidas de igreja? Não precisaria
completar dizendo que esse deputado foi um dos que mais contribuiu com o pacote
que delineou a reforma da previdência, penalizando trabalhadores.
A história blindou os evangélicos brasileiros com a
possibilidade de estar no poder e sinalizar algo de bom, contudo, essa
oportunidade não foi aproveitada. Por isso a história mesma não poupará nenhum
dos nomes envolvidos.
Enquanto se perde tempo combatendo inimigos invisíveis a marcha
da corrupção corre solta com a benção de muita gente.
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