O castelo dos destinos cruzados
Mais do que um texto e uma junção de palavras. Cada leitura
é uma experiência
nova. Não somente pelas obras ou pela mentalidade dos autores
e autores, que por si só já são universos paralelos demais para qualquer um, a
possibilidade de ilações e reflexões que cada leitura proporciona é fenomenal.
Além disso, a viagem intrínseca que a abstração os fornece é sensacional.
O último livro que li se chama “O castelo dos destinos
cruzados” de Ítalo Calvino. O autor é renomado no meio literário. Suas obras
são conhecidas do público geral que transita por textos literários, mas esse
livro tem uma linha um pouco diferente. É escrito no final da década de 1960 e
publicado em 1970 e trata-se de uma leitura a partir das cartas do tarot de
Marselha.
Essa não é a primeira e não será, provavelmente, a última obra
a tratar do tema, mas o autor remete o texto há Idade Média em que as cenas de
cavaleiros numa taverna são descritas com perfeição.
A trama se passa da seguinte maneira: ao passar por um
bosque que se interpõe ao castelo as pessoas ficam mudas e somente conseguem
comunicar-se por meio das cartas de tarot. Dois são os desafios. O primeiro é
conhecer as cartas e seus significados e o segundo é a subjetividade das interpretações
possíveis.
Curiosamente esse é o mistério que envolve textos e a
literatura em si, pois algumas obras podem ganhar significação de acordo com o
conhecimento das palavras e expressões. O que se conhece das palavras e a
partir delas direciona e interpretação. Numa perspectiva da linguagem é o signo
e significante. Nessa relação o significante adquire a conotação fluida,
dependendo de como é interpretada.
Ao relarem suas histórias por meio das cartas de tarot os comensais lidam com esses dilemas e com a dúvida de estarem sendo interpretados da maneira correta. Em vários momentos Calvino chama atenção para isso. O restante é só lendo mesmo para se inteirar.
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