Diomedes
A vida é feita de momentos, escolhas e diversas construções subjetivas. Tive a oportunidade de voltar a uma prática antiga que é ler alguns quadrinhos. Ganhei de presente uma obra completa do gênio brasileiro, Lourenço Mutarelli. Trata-se da trilogia completa de “Diomedes”.
Diomedes é um detetive particular, que não consegue
solucionar um caso com sucesso. Embora seja esse “não-detetive” consegue fazer
com que o desfecho de seus casos tenham um tom filosófico e provocador. Na
verdade, a obra de Mutarelli é sempre uma provocação. Não há um final estático.
Dessa maneira, o autor chama à reflexão e dinamicidade.
Gostaria de destacar uma parte muito significativa em que
Diomedes procura por um mágico, que fizera muito sucesso. Ele chega a um circo
falido e conversa com algumas pessoas. O circo não funciona mais. Entretanto,
seus integrantes insistem em continuar por lá. Ainda que não haja circo,
dinheiro, público eles continuam lá. Somente o palhaço conseguiu um emprego
convencional.
A questão intrigante é pensar na vida como jogo de
representações. O que vale a pena? Viver para perpetuar o sistema ou insistir
naquilo que lhe dá prazer? Por vezes, insistir na “loucura do prazer” é lutar
contra o sistema.
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