Volta Redonda na Era Vargas


Esses dias estava relendo o livro “Volta Redonda na Era Vargas”, de Waldyr Bedê. Ele deu uma palestra sobre a obra no auditório da UBM em 2006. Eu estive presente na palestra ouvi atentamente a fala de professor Bedê, que é pai do também professor Edgard Bedê. Eu não tive o privilégio de ser aluno do Waldyr, mas fui do Edgard.

Na realidade do Sul Fluminense o professor Waldyr era uma espécie de lenda da história. Algo como uma história viva da segunda metade do século XX em diante. Ele é meticuloso em alguns detalhes do livro, que visa recontar a história da cidade sob a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).

A tese principal do professor Bedê é que em Volta Redonda aplicou-se de forma do “tipo ideal” o cidadão do Estado Novo. Esse novo homem formando pelas diretrizes ditatoriais do governo Getúlio Vargas seria um operário semelhante ao modelo americano. Foi mobilizado todo um aparato para subsidiar a ideia. Tal como: escola técnica, casa, grêmio, etc.

Antes da construção da CSN a cidade não passava de um vilarejo sem importância, pois a herança colonial ainda se fazia presente na região. Como herdeiro do café, o Vale do Paraíba essa resistente à industrialização. Entretanto, quando a política nacional foi de uma indústria de base pujante no Brasil entre o mais importante eixo do país (Rio-São Paulo) a elite oligárquica não teve muitas opções.

O livro possui cinco capítulos. No primeiro capítulo: O MODELO AGRÁRIO E A INDUSTRIALIZAÇÃO DE BASE Bedê mostra como se deu a ruptura com o modelo agrário para o industrial. O recorte é feito pelo viés político-social situação a “Revolução Oligárquica” como elementos propiciadores para a mudança de paradigmas econômicos. Somou-se a isso a crise de 1929 e a política do Estado Novo.

No capítulo dois: A SOCIEDADE URBANO-INDUSTRIAL DE VOLTA REDONDA o autor faz um balanço social da formação da cidade por meio do estudo da mentalidade cultural que foi veiculada entre os moradores. O Estado agiu como fomentador e direcionador de costumes e práticas visando forjar o ideal do “tipo ideal” do Estado Novo na cidade. Quem seria esse? O homem classe média, com uma casa confortável, um salário satisfatório e uma vida social satisfatória.

O capítulo três: EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE VOLTA REDONDA trata a cidade caminhou para emancipação política do “paternalismo varguista” nos anos posteriores aos anos 1960. Mesmo buscando desvencilhar-se da ideia do Estado Novo a cidade manteve sob a política capitalista simpática aos EUA por meio dos governos que sucederam Vargas.

A LUTA SINDICAL DOS METALÚRGICOS DE VOLTA REDONDA é o título do capítulo quatro do livro. Nele trata-se história do sindicato desde sua tutela pelo Estado, sua emancipação e suspensão e perseguição pela ditadura.

O capítulo final: VOLTA REDONDA E O GOLPE MILITAR DE 1964 trata da relação entre um dos maiores polos industriais do Brasil e o regime de exceção que se instalou no pais a partir de 1964.

Para saber mais:
BEDÊ, Waldyr Amaral. Volta Redonda na Era Vargas (1941-1964). Volta Redonda: SMC/PMVR, 2004.

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