A Negação: o filme
Qual é o limite da liberdade de
expressão? O filme trata da disputa travada entre um autodidata e uma
professora de história. O autodidata defende a negação do holocausto. Ele
juntou provas, escreveu livros e defendeu a tese de que o holocausto não foi
como a história retrata. Já a professora era judia, defendia que não somente
houve o holocausto, mas que ele foi arquitetado e planejado para exterminar
judeus com base em preconceitos óbvios e sem sentido algum.
À primeira vista parece exagero pensar que a justiça julgaria
um caso desses. É um consenso que houve extermínio dos judeus; assim como é
consenso que a Terra é redonda; assim com é consenso que existiu ditadura no
Brasil. Não é? Não. Há quem discorde. E é nesse ponto que o filme levanta o
questionamento.
A liberdade de expressão é poder dizer tudo o que se pensa?
É a liberdade de defender o indefensável? Num passado não muito distante nem se
aventava a hipótese de defender algumas aberrações como inexistência da ditatura;
nazismo como política de esquerda e negação do holocausto.
O filme “A Negação” busca justamente alertar para o
perigo de se levar até as últimas consequências
os valores como liberdade de opinião e liberdade de expressão. Não se trata de
defender a censura, mas sim de ter o mínimo de razoabilidade. A liberdade de
expressão não pode simplesmente querer recontar a história com bases em
testemunhos isolados e concepções subjetivas de mundo.
Quando assisti ao filme a primeira pessoa que me veio à
mente foi Olavo de Carvalho. No passado um ser exótico e rejeitado pela
comunidade acadêmica. Ninguém o levava a sério, mas na atualidade ele alimenta
e sustenta aquilo que se chama de “nova direita” brasileira.
O interessante é que o nível de desinformação e
descontentamento social podem levar as pessoas a fazerem loucuras como, por
exemplo, defender as teses mais ridículas e sem qualquer base científica e
serem tidas como representantes do povo.
No Brasil alguns candidatos foram eleitos com o discurso da
liberdade de expressão e do confronto com seus oponentes. Alguns foram a
manifestações de massa, entrevistaram pessoas, editaram os vídeos e veicularam
em redes sociais. Alguns depois de eleitos continuam com essas práticas. Perigoso,
pois se corre o risco de negar a história; o óbvio e idiotizar ainda mais a
sociedade.
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