Declarações infelizes


Sempre tive interesse pela história latino-americana. Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Venezuela são temas que gosto saber mais a respeito seja por meio de literatura ou por filmes e documentários. Quando era seminarista tive contato com uma tese de doutorado sobre o pentecostalismo chileno. A autora situava por meio da história o movimento pentecostal daquele país.

Depois disso tive interesse em conhecer a história da eleição de Salvador Allende. Li uns materiais e assisti ao clássico “batalha do Chile”. Depois disso assisti outros filmes como: “amor e revolução”. O Chile sempre foi um país simpático ao Brasil, sobretudo, na acolhida aos exilados depois de 1968.

Curiosamente tanto a direita quanto a esquerda chilena repudiam a ditadura militar que houve naquele país (1973-1990). Não se homenageia torturador e ditador. Nem a direita o faz por motivos óbvios. A ditadura é e sempre foi um modelo violento de governo que não respeitou liberdades individuais e o contraditório da democracia. Não tem relação com ideologia, mas sim com respeito aos direitos humanos.

Todo ser humano tem direito à vida e liberdade. Independente da ideologia esses são direitos inalienáveis, portanto, não se pode aplaudir ou endossar qualquer tipo de discurso que comemore tortura e favorece o aviltamento de direitos e dignidade humana.

Parece que uma amnésia toma conta das pessoas. Não sei se por falta de conhecimento, desonestidade intelectual ou “mau caratismo”. No Brasil a ditadura militar teve como principais expoentes o delegado Fleury (comandante do esquadrão da morte) e o coronel Ustra (chefe do DOI-CODI entre 1970 e 1974). Há uma gama de materiais dizendo sobre as torturas sofridas por eles: Bete Mendes, os dominicanos, frei Tito, são alguns dos mais conhecidos além de outras centenas de pessoas. Mesmo assim há quem defenda que não existiu ditadura.

No Chile a ditadura acabou com o governo de Allende quando esse fazia mudanças importantes e estruturais no país. Depois de ascensão de Pinochet muita coisa mudou para pior. Uma delas foi a educação que se viu “sucateada” – a semelhança do que atual governo tenta fazer no Brasil.

Por isso não causa estranheza o elogio do atual presidente a ditadores e regimes autoritários. Ele quer fazer o mesmo com o país. O que causa espanto é o desconhecimento das pessoas em concordar com as palavras indelicadas e grotescas do presidente.

Não necessita ser de esquerda para ser contra a ditadura. As declarações do presidente chileno 
(direita) – ao contrário das do presidente do Brasil – mostram a sensatez e consciência política que falta a muitas pessoas. Acima de tudo vale o respeito à vida.

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