Deus de Ismael



Quando Deus (Javé) chama Abrão (Gn. 12,1-5) para fazer uma aliança com ele e sua descendência. Sem dúvidas Isaque está incluso. A propósito, Ismael foi um dos primeiros a serem circuncidados (Gn.17, 25). A aliança (berit) dizia respeito a um trato que envolvia ambas  as parte. No caso da aliança religiosa (ou espiritual) envolvia a fidelidade, do lado do povo e a proteção e bênção, do lado de Deus.

Feita esse pequena descrição por que não pensar em uma aliança ampla como evoca Paulo em Gálatas? (Gl. 3,15-22). Muito se houve falar da aliança com Israel e há, inclusive, determinadas tendências que defendem certo lugar de destaque escatológico para Israel. Mas seria justo deixar de lado a aliança com Ismael?

Muito se sabe sobre o avivamento árabe. Nos últimos anos, segundo algumas agencias missionárias tem havido conversão em massa de povos árabes ao cristianismo. O movimento é denominado nos seios cristãos como “igreja de milhares” e se estivermos nos últimos dias a profecia de Isaías 60, 1-10 talvez esteja, de fato, se cumprindo. Dessa maneira, a palavra dirigida a Ismael de que sua descendência seria forte e numerosa coaduna com os fatos ocorridos nos últimos tempos.

Comparemos as passagens Gn. 16, 11-14 e Gn. 25, 12-18. Nelas vemos que a descendência de Ismael é contemplada na bênção de Deus dirigida a Abraão. Se há uma aliança a ser honrada, essa aliança contempla também Ismael e todos os seus descendentes. Por isso não há desprezo no que tange sua figura e muito menos abandono.

A história de Ismael é uma história de abandono. No capítulo 21, 8-20 Abraão abandona seu filho e sua mulher à sorte. Os dois ficam totalmente à mercê das adversidades e perigos do deserto. Supreendentemente Deus intervém em favor de ambos e muda-lhes a história. Deus é Deus de Ismael. Acredite.

Os caminhos que os descendentes de Ismael tomaram são conhecidos, assim como, sua pertença religiosa e cultura, mas seria ousado demais pensar em uma revelação na cultura e na religião deles indicando o caminho de Cristo? Seria muito ousado afirmar que Deus esteve e está trabalhando nesse povo, em sua cultura e levantando pessoas para cumprir sua profecia descrita em Isaías 60. 1-10?

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