O que podemos aprender com Maquiavel?
Para Maquiavel os
embates na república eram os responsáveis pela manutenção saudável do sistema
político. O conflito para ele é inerente ao sistema, sem ele não se tem vida
política.
Num livro, pouco
citado, mas de suma importância chamado “Discursos sobre Tito Lívio” Maquiavel
traça um paralelo entre a Roma de Tito e a Florença de seu tempo. Nele faz
comparações e apontamentos sobre a vida e atuação política.
Como se organiza a
política para Maquiavel? A política se organiza entre dois grandes grupos: os
grandes e o povo. Esses não possuem identificação sociológica ou econômica. Sua
identificação se dá pelos humores - do italiano umori. Uma espécie de desejo,
ou ideologia – traduzindo para termos atuais. Nesse sentido, um pobre pode
pertencer ao humor dos grandes e vice-versa.
Qual é a identificação
desses grupos? Os grandes têm o desejo de dominar e povo o desejo de não ser
dominado. A orientação se dá por meio desses desejos. Nessa interação os grupos
disputam e entram em conflitos. Em decorrência disso nascem as leis. Para que
isso seja salutar as instituições devem ser fortes.
As leis nesse sentido
seriam fruto do conflito entre os grupos integrantes da república. É isso que
Maquiavel defende. Há, então, a necessidade de se ter instituições que
funcionem de maneira sólida para que não haja injustiças e domínio ou
supremacia de uma classe sobre a outra.
Se transpormos isso
para a realidade brasileira entenderemos que o momento que vivemos é produtivo.
O conflito que se instalou em nossa sociedade pode ser proveitoso se
conseguirmos olhar para nossas instituições e fortalece-las de maneira a
mantê-las em sua solidez.
O Estado só é forte com
instituições fortes. Isso precisa chagar às instancias superiores de poder.
Somente fortalecendo de democratizando as instituições é que se pode ter uma
democracia salutar.
Outro elemento
interessante na proposta de Maquiavel é que o povo era conclamado a participar
da política. Determinadas funções eram feitas por meio de sorteio e o cidadão
era chamado a participar. Isso estimula e democratiza a política.
Há também a necessidade
de “desprofissionalizar” a política e trazê-la para perto do povo. A política
deve se fazer no dia-a-dia. Não somente em período de eleições. Maquiavel tem
muito a nos ensinar, basta sabermos ponderar e fazer as devidas críticas.
O conflito de ideias e
participação popular pode ser mais saudável do que pensamos. Nosso momento
propicia isso.
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