Venezuela: democracia ou ditadura?



A situação da Venezuela é peculiar frente a várias realidades mundiais. Para atacar o regime e fazer contraposição a qualquer alternativa mais progressista algum interlocutor pergunta: e a Venezuela? Você concorda com o que está acontecendo lá?

Obviamente que esse é um assunto complexo que não permite ser tratado em poucas linhas. Entretanto sinalizaremos algumas características que nos possibilitam responder a essa questão de maneira mais honesta, do ponto de vista factual e intelectual.

Desde a eleição de Hugo Chávez 1998 foram adotados mecanismos constitucionais de participação popular. Esses foram feitos por meio de plebiscitos e referendos. O que na prática indica a participação do povo nas decisões. O convencional é que as decisões estejam nas mãos dos representantes eleitos (deputados e senadores), mas Chávez utilizou-se de seu carisma e recursos constitucionais para incluir o povo nas decisões.

Além disso, promoveu a nacionalização de alguns setores estratégicos de ser governo como, por exemplo, o setor petrolífero (PDVSA). Somaram-se a isso investimentos em setores, até então não muito prestigiados pelos governos anteriores (saúde, educação, habitação, etc.). Tais medidas fizeram com que Chávez fosse visto de maneira positiva pelo povo pobre e classe média e desconfiança por parte das elites.

Há na política chavista (Chávez-Maduro) mecanismos de ações rápidas para solucionar problemas pontuais de determinadas localidades denominado “missiones”. Esses são dispositivos capazes de solucionar problemas como saúde, educação, saneamento com verbas e autorização governamental sem passar pelo aval do congresso, por exemplo.

Do ponto de vista da política tradicional isso faz com que haja certo desprestígio em relação aos políticos do poder legislativo e simpatia ao líder carismático que produz tais mudanças.

Com essas e várias mudanças conferindo poder ao povo o governo sofre algumas represálias. Os setores desprestigiados fazem os maiores esforços possíveis para macular a imagem do regime e do governo. Uma das formas é utilizar a mídia internacional para se solidarizar com o caos interno do país.

O que poucas pessoas pesquisam ou buscam se informar é que a oposição e grupos de empresários promovem esse caos por meio de ações que sabotam o governo. Há um conluio entre empresários e políticos de oposição que promovem sucessivos “lock outs” no país fazendo com que faltem produtos básicos e isso gere miséria e fome há parcela considerável da população.

Outra medida que é comum é a sabotagem internacional. Como o governo adota uma política “anti-imperialista” setores internacionais promovem a queda do preço do petróleo e gás (elementos básicos) da economia venezuelana fazendo com que haja diminuição das receitas do Estado e com isso a economia do país seja afetada.

Somam-se a isso, tentativas e ações agressivas e radicais, por parte da oposição. Como atentados à bomba em quartéis e ações armadas deixando mortos e feridos. Tudo isso ocorre sem cobertura ampla da mídia internacional.

Há na Venezuela. Há oposição. Há respeito democrático. Mas muitas pessoas insistem em afirmar que não; que o país é uma ditadura.

A Venezuela é uma democracia popular. Maduro, assim como Chávez, é um líder carismático com tendências populistas. O que não significa que haja ditadura e nem espaço a oposição. Tudo precisa ser analisado de maneira ampla e imparcial.

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