O pastor-adorador
Esse texto é um pedido do amigo Vinícius Domingues Pimentel feito em 2012. Só agora resolvi escrever sobre.
Certamente você já viu
ou conheceu algum pastor com sorriso maroto, quase que teatral, com uma cara de
“bobo alegre” e chamando todo mundo de amado/a, querido/a. Então, esse é o
pastor-adorador.
Quando me perguntam: o
que faz um pastor-adorador? A resposta é óbvia. Ele adora. Adora na ora da
pregação; do aconselhamento; do discipulado; da resolução de conflitos. Ele
adora.
O pastor-adorador
furta-se a ser profeta. Não prega contra a injustiça. Seu discurso é que tudo
se resolve com adoração. A vida dele é uma adoração. Às vezes não consegue
perceber que seu casamento, sua vida familiar, ministério e suas relações não
caminham no mesmo passo de sua adoração. Mas ele? Ele adora.
Uma vez passei por um
problema seríssimo na igreja. Algo que demandava uma ação enérgica e urgente.
Contei isso a um amigo pastor-adorador. Ele disse que iria orar e adorar e que
Deus “entraria com provisão”.
É fácil ser pastor-adorador
numa igreja que não exige a atuação profética. É fácil ser pastor-adorador quando
não se precisa enfrentar alguns problemas de “frente”. O pastor-adorador com
seu jeitinho sorridente e amigo, poucas vezes enfrenta a realidade de campos
missionários em que se tem que “assoviar e chupar cana” ao mesmo tempo.
As instituições amam os
pastores-adoradores. Eles são seus maiores trunfos. Nunca ponderam. Sempre
acreditam que a autoridade da liderança e da denominação são inquestionáveis. Em
contrapartida são agraciados com boas recompensas. Igrejas estruturadas, bom
salários, vida boa, e claro que buscam um adorador como líder.
O pastor-adorador adora
muitas coisas. Ele não só adora a Deus. Ele adora frases feitas; fotos;
viagens; lugares de honra; vida boa; dinheiro; fama; status; multidões;
reuniões com empresários e pessoas influentes, etc.
Se tem uma coisa que
ele não faz é ser crítico. Parece que ele odeia isso. É como se a crítica fosse
do demônio. O adorador detesta discussão e divergências. Ele gosta é de adorar,
adorar e adorar...
Agora fica a intrigante
pergunta: o adorador é assim por que é sincero ou por que é dissimulado? Ele
realmente acredita nessa vida de adoração ou prefere não encarar a realidade?
Acho que nem Freud
decifra essa. Por que eu sempre vejo esses adoradores se dando muito bem,
obrigado! Nas instituições. Será mera impressão? Não sei... Uma vez perguntei
isso a um amigo adorador. Sabe o que ele respondeu? Que sua vida é assim por
que ele adora. Então fica assim. Você finge que me engana e eu finjo que
acredito.
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