Poimén kalós: entre bodes e ovelhas


Muito se fala sobre atributos e características de obreiros na Bíblia. Isso é sempre cobrado e enfatizado a esmo por lideranças, igrejas, cursos, seminários etc. Todo mundo sabe cobrar as funções de um pastor ou pastora. Curioso que até mesmo pessoas que não tem vínculo religioso possuem um imaginário a respeito da figura pastoral: “mas um pastor? Pensar assim? Fazer isso? Fazer aquilo?”. Há cobrança e um ideal pastoral.

Se tomarmos “a Bíblia” como exemplo e olharmos atentamente será que ela sinaliza o comportamento das “ovelhas”? Das pessoas de uma determinada comunidade de fé?


No evangelho de João Jesus aponta quatro características do que seriam comportamento de ovelhas;

1 – Deixar ser íntima do pastor: “A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora”. João 10.3

Não há como ser ovelha sem se deixar sem íntima do pastor. Por isso ele consegue distinguir quem é quem e chama-las pelo nome. Enquanto pessoas viverem uma vida dupla de mentiras, enganos e dissimulações; não se deixarem ser moldadas pelos valores do evangelho dificilmente se terá essa relação.

Há muita gente na igreja que não quer se envolver com nada. Não se deixa ser envolvido por nada e por isso não pode ser chamado de ovelha, pois ovelha pressupõe relação de conhecimento de intimidade de abertura e comunhão.

2 – Estabelecer uma relação de confiança com o pastor: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido”. João 10.14

À medida que se caminha na fé cristã a oportunidade de ser conhecido se faz pelos frutos que cada pessoa dá. Uma relação de confiança implica em conhecer e ser conhecido pelo pastor.

Nessa relação não há espaço para “disse me disse”, “puxar tapete”, desconfiança em relação à figura pastoral ou algo semelhante. A confiança indica a transparência. Um bom pastor não tem nada a esconder. Uma boa ovelha também deveria ter.

Em muitos casos as pessoas tem vergonha que sua intimidade seja revelada pois vivem uma vida dupla. São uma coisa na igreja e outra em casa e na sociedade. Por isso há medo de se deixar conhecer pelo pastor. Alguém que não se abre não é uma ovelha.

3 – Discernimento em relação ao pastor: “E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”. João 10.4.

Uma ovelha sabe qual é a voz do seu pastor. Em meio a tentas vozes que se ouve no dia-a-dia ela sabe qual é, de fato, a voz que necessita ouvir. Por que? Porque sabe que o pastor está envolvido em seus dilemas, em suas dificuldades e se preocupa com seus problemas.

Se a pessoa ouve muitas vozes, não sabe nem no que acredita. Cada nova pregação muda de confissão doutrinária, é por que não é uma ovelha. A ovelha escuta a voz do pastor e a discerne.

Muitas pessoas idolatram os tele-evengelistas e pregadores famosos. Ofertam e contribuem com esses e às vezes em nada ajudam no que diz respeito às suas igrejas locais. E quando caem em doença ou passam por alguma dificuldade quem as ajuda? Quem vai orar por elas? Não seria por ventura o pastor local?

Boa ovelha discerne e ouve a voz do pastor.

4 – Seguir o pastor. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”. João 10.27

Qual é a grande dificuldade em ser pastor? Ter pessoas que sigam uma visão. Na verdade, quem é ovelha segue a liderança do pastor e ponto final.

Quando surgem lideranças paralelas, dúvidas em relação ao pastor, dúvidas em relação ao trabalho pastoral. Pode ter certeza. Isso não vem de quem é ovelha. Isso é coisa de bode!

Ovelha é mansa, solidária e sincera. Quem arruma contenda é bode.

Há abuso da autoridade pastoral por parte de muitos? Sim. Há muita disfunção? Sim. Entretanto, nada disso anula do fato de que a ovelha precisa cumprir sua função.

Essas são algumas características de ovelhas. Fugindo disso é bode com certeza.

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