As diferentes compreensões sobre o Espírito Santo
A experiência do Espírito Santo segundo Paulo.
As comunidades fundadas por Paulo
tiveram verdadeiras e fortes experiências com o Espírito Santo (experiências pneumáticas), a mensagem do Evangelho
chegou a não por meio de ensinamentos teóricos, mas com manifestação de poder
(Gl 3,2). Isso fica evidente na carta à comunidade aos Gálatas, em que o
apóstolo mostra toda a sua indignação (Gl 3,14).
Na epístola aos Romanos, o
apóstolo retoma o tema tratado com os gálatas (Rm 8,15) em que Paulo se refere a
um fato experimentado pelos romanos. Em outra oportunidade ele escreve aos
tessalonicenses e recomenda que os mesmos não extingam o Espírito. Fato
presente na realidade de fé desses fiéis.
De todas as comunidades paulinas
a experiência que fica mais evidente é a de Corinto. Essa era uma comunidade em
que a experiência com o Espírito Santo foi muito forte e determinava todas as
ações da comunidade. Em alguns casos, Paulo teve que reafirmar alguns valores e
pressupostos doutrinários para orientar os fiéis.
Nesse sentido podemos dizer que a
compreensão de Paulo sobre o Espírito Santo está ligada às manifestações de
poder. Em suas cartas ele orienta, de forma pastoral, como as comunidades
deveriam lidar com as diversas situações que enfrentavam. Outrossim, nota-se
que suas orientações tinham nuanças e não constituíam nenhuma doutrina
cristalizada, dogmatizada.
A experiência do Espírito Santo
para Lucas.
Lucas entende a manifestação do
Espírito Santo como uma síntese entre a tradição de Jesus e a interpretação
paulina. Ao mesmo tempo em que o Espírito exerce o papel de geração de vida,
como no caso da gestação de Jesus e do nascimento da Igreja, ele também é
manifestação de poder, como no caso de Pentecostes. Essa memória é muito
presente no pensamento do autor, e faz com que ela seja sempre reafirmada em
outras passagens como na primeira grande perseguição (At 4, 23-31); no momento
de abertura da igreja para Samaria (At 8 , 14-17) e no início da missão de
Paulo (At 13,2). O texto de Lucas visa explicar por que os apóstolos tiveram
forças vencer o mundo: a manifestação extraordinário do Espírito Santo.
A experiência do Espírito Santo
para João.
Os livros joaninos referem-se a
uma comunidade que vive uma experiência espiritual, livres do judaísmo e da Lei
para viver uma vida na liberdade cristã. Não se observa experiências
sobrenaturais, como no caso, de Paulo ou de Lucas. A experiência da comunidade
de João trata-se de algo contínuo e constante, que se prolonga pela vida, ou
seja, é uma experiência tranqüila (1 Jo 4, 13).
Para a comunidade joanina a
experiência com o Espírito é a marca de quem nasceu de novo e está disposto a
viver em novidade de vida (Jo, 3,5.6.8). João identifica o nascimento da comunidade
com a manifestação do Espírito Santo, mas o faz de diferentemente de Lucas (Jo
20, 22).
A experiência da comunidade de
João com o Espírito Santo era muito forte, mas isso só seria completo com a
prática do amor (ágape), as vicissitudes são partes desse mundo e o papel do
Espírito não é afastá-las, se assim o fizesse seria um falso espírito (1 Jo 4,
11-15; Jo 13 34-35; 15,12).
Comentários
Postar um comentário